No treinamento espacial, o astronauta recebia as instruções de emergência.

– Se houver uma pane, aperte o botão amarelo. Se não resolver, aperte o botão vermelho.

O astronauta perguntou:

– E se mesmo assim não resolver?

– Daí então você diz: Pai Nosso que estais nos céus…

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A piada virou realidade. Ontem, no Rio de Janeiro, um destacamento da PM pediu reforço pelo rádio porque estava encurralado. Como resposta, o comandante lamentou a falta de equipamentos e mandou eles rezarem.

A oração, que devia ser a nossa primeira obrigação para agradecer, louvar e pedir, agora virou a tábua de salvação dos brasileiros. Bem feito para nós que viramos as costas para Deus e demos preferência ao dinheiro, à boa vida, à teologia da libertação, ao Foro de São Paulo, ao estado papai-noel da Constituição Cidadã; ficamos em cima do muro fazendo cara de paisagem como quem diz “não é comigo” enquanto a revolução avançava. O lema do brasileiro orgulhoso da sua ignorância é “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”.

Dizem que a ignorância é uma benção. Se for, é uma benção dada pelo capeta.

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