– Ué?! Não foram dez os curados? Cadê os outros nove mal-agradecidos? (Lc 17, 17)
Ao passar por algum tipo de dificuldade – o que, aliás é o que mais tem no nosso país – a pessoa talvez se revolte e, olhando para a vida dos outros, talvez comece a brigar com Deus citando, com inveja, que sicrano tem aquilo que ele não tem, beltrano tem aquelas facilidades que ele gostaria de ter e assim por diante. Esquece, o infeliz, que Deus lhe deu o maior dom possível – a vida – e tudo o mais – dinheiro, posses, saúde, fama – não é nada perto disto. Por outro lado, o que ele sabe dos problemas dos outros para ficar invejando-os?
A porcaria da inveja foi muito bem retratada no filme Três Idiotas, cujo enredo gira em torno de 3 jovens estudantes do concorrido curso indiano de engenharia. Bota concorrido nisso! Tem até estudante que se mata. Quando sai o resultado dos exames finais, dois dos amigos correm para ver a lista e ficam contentes por eles terem passado – passaram na rabeira – e triste pelo seu amigo que não figura ao lado deles. Quando, instantes depois, os dois chorosos estudantes se encontram com o terceiro idiota, ficam surpresos por ele não estar triste.
– Mas eu passei; passei em primeiro lugar!
Os dois amigos ficam mais tristes ainda.
Uma voz, em off, diz: assim é a natureza humana, se entristece pelo fracasso dos amigos mas se entristece muito mais pelo sucesso.
Ainda bem que não somos ingratos, né?
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