O artigo From near disaster to success story: how Japan has tackled coronavirus, do The Guardian, datado de 22 de maio, analisa os motivos pelos quais o Japão, país com 126 milhões de habitantes e uma das maiores populações de idosos do mundo, tem até agora apenas 784 mortes causadas pelo vírus chinês.
O país contrariou o mantra “testar, testar, testar” e aplicou testes em uma porcentagem muito baixa da população. O governo japonês também não decretou quarentena no modelo europeu porque não tem instrumentos legais para tanto; por isso, só pode pedir à população para evitar os 3Cs: espaços Confinados, espaços com aglomerações (Crowded spaces) e Contato humano.
Mas, mais do que as recomendações governamentais, outros fatores ajudaram no combate à peste chinesa: hábito de usar máscara, experiência no tratamento de pneumonia, sistema de saúde universal e baixa taxa de obesidade.
Outro fator importante foi o reconhecimento, pela população, do perigo das aglomerações. Museus, teatros, parques temáticos e outras atrações ficaram fechados por meses. O campeonato de futebol foi suspenso, e as ligas de rugby e de baseball adiaram o início do torneio. Pela primeira vez na história, o campeonato de sumô ocorreu sem torcedores no local.
Agora, a minha opinião: como sempre, no Brasil, fizemos tudo ao contrário – o vírus chegou em janeiro; em fevereiro, nos abraçamos no Carnaval; quando chegou março, nos confinamos (nós e nosso vírus), adotamos tardiamente o uso de máscara (mais como panacéia do que qualquer outra coisa), o nosso SUS é um susto e a nossa saúde pública pode ser resumida na ponderação de Gilberto Freyre em Casa Grande e Senzala: servimos mais para análise clínica do que para força de trabalho.
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