Se o sacerdote não se pertence, a quem pertence o sacerdote?
A editora Molokai acabou de lançar a quarta edição do livro O Sacerdote não se Pertence, de Fulton Sheen. A obra é destinada primeiramente a padres e seminaristas e secundariamente a todos os leigos desejosos de aprofundar a missão sacerdotal específica do seu estado. Diz o Catecismo: Os fiéis exercem seu sacerdócio batismal através de sua participação, cada qual segundo sua própria vocação, na missão de Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei. É pelos sacramentos do Batismo e da Confirmação que os fiéis são “consagrados para ser… um sacerdócio santo” .
Sheen inicia o livro dizendo que o sacerdócio de Cristo foi diferente de todos os sacerdotes pagãos e do sacerdócio levítico da família de Aarão. No Velho Testamento e nas religiões pagãs, sacerdote e vítima eram distintos e separados; em Cristo, estavam inseparavelmente unidos. Os outros sacerdotes ofereciam mas não perdiam nada; Cristo, ao contrário, reunia em si tanto o sacerdócio como a condição de vítima. Como Ele se ofereceu pelos pecados, os sacerdotes devem se oferecer como vítimas.
“A perfeição de sua humanidade e a sua eterna glória como Sacerdote decorrem de ter Ele estado na condição de vítima. A sua perfeição não veio tanto de sua estatura moral, quanto de sua qualidade de Sacerdote-Salvador.” Nenhuma outra vítima seria digna do sacerdócio, senão Ele; vítima não apenas no Corpo mas também na Alma, triste até a morte.
Ao longo do livro, Sheen aborda temas como Eucaristia, relacionamento do sacerdote com Cristo e com o povo, Nossa Senhora, apóstolos, santidade, Espírito Santo, conversão, pobreza, pregação e oração, conselho, traição, Hora Santa, dentre outros, sempre aprofundando o significado do papel de vítima do sacerdote. Em outra obra (Vida de Cristo, editora Molokai), Fulton Sheen escreve: A ciência vem dos livros; a penetração de um mistério, do sofrimento. Oxalá a doce intimidade com Cristo Crucificado, fruto da tribulação, se derrame através destas páginas, concedendo ao leitor aquela paz que só Deus pode dar às almas, iluminando-o para compreender que toda a amargura é, realmente, “a sombra da sua Mão, estendida em gesto de carícia”.
No capítulo final, O sacerdote e sua mãe, Sheen diz que todo sacerdote tem duas mães, uma na carne, outra no espírito. Não há rivalidade entre elas; muitas vezes, um dos primeiros atos da mãe segundo a carne é pôr o filho aos pés da Mãe pelo espírito, como fez a mãe do autor. “Quantas foram as conversações secretas entre essas duas mães, em que a mãe pela carne rogava à mãe em Cristo que o fizesse, um dia, segurar uma hóstia e um cálice em suas mãos?”
Por fim, Sheen responde à pergunta inicial:
Nenhum sacerdote se pertence. Ele pertence à Mãe de Jesus, uma vez e sempre, o Sacerdote-Vítima.
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