O que se viu, nesse domingo, Brasil afora, foi algo totalmente inédito e impossível de prever.

Tudo começou semanas atrás quando Helenão desabafou para um círculo íntimos de amigos: os traidores da Pátria estão nos chantageando!

O áudio foi captado por um jornalista que, como de costume, entendeu mal o pronome “nos” e tentou jogar o governo Bolsonaro contra o Congresso e o STF. Acontece que o povo não entendeu assim; o povo entendeu de forma certa. O pronome se referia a nós, o povo – nós, mais Bolsonaro, mais Helenão. O desabafo do general serviu como um grito de guerra e uma chamada geral para a população ir às ruas.

Bastou as lideranças dos movimentos de rua marcarem a data das manifestações e a extrema imprensa e os políticos cagões lançaram uma violenta campanha contra o legítimo direito da população se manifestar. “É gópi!” gritaram em uníssono. Pela violência da reação, deram mostras de que a carapuça lhes servira; se borraram de medo de uma simples passeata. O que fazer com uns covardões assim?

A coisa pegou fogo quando Bolsonaro, às vésperas da viagem para os EUA, incentivou as manifestações.

O avanço do Corona Vírus, entretanto, recrudesceu no mundo todo. Os meios de comunicação em massa – em sua grande maioria avessos ao governo Bolsonaro só porque ele lhes cortou as verbas (só por causa disso?) – promoveram uma verdadeira operação de engenharia social baseada no medo, tentando manter as pessoas em casa. Em São Paulo, o governador Dória se assanhou e mostrou as garras num ensaio de ditadura. Mas, como explica a psicologia, o proibido é mais tentador, e de repente bateu nos paulistas uma saudade danada da Paulista. O mais engraçado em toda essa operação da mídia e dos políticos é a postura hipócrita que tiveram dias atrás no Carnaval. Na época, já com o Corona Vírus espalhando terror pelo mundo, essas mesmas pessoas incentivaram todo tipo de ajuntamento e comportamento de risco. Hoje, fazem cara de luto; ontem, faziam cara de foliões – são uns pândegos, esses apresentadores-atores de telejornal.

A coisa vinha num crescendo quando, na 5a feira, Bolsonaro, em rede nacional, pediu parcimônica aos brasileiros. O pedido teve efeito duvidoso e o twitter imediatamente começou a gritar Desculpa Jair mas eu vou. Por sua vez, as lideranças dos movimentos de rua (que contratam os caminhões) avisaram que não iam.

Ante o pedido de Bolsonaro, Dória recuou um pouco. Só um pouco. O pupilo dele, o prefeito interino Eduardo Tuma, sujou o sobrenome ao abrir a avenida Paulista numa tentativa desesperada de criminalizar os movimentos de rua. Na extrema imprensa, num último esforço de tentar manter o povo em casa, a GloboNews abriu o sinal sob a desculpa de manter o povo informado sobre o Corona e a Net liberou todos os canais para os assinantes para que os velhinhos ficassem em casa.

O que faz o medo, não?

Amanheceu o domingo e o povo brasileiro inaugurou um novo conceito de liderança. Líder não é mais aquele a quem o povo segue mas aquele que ouve os anseios da população, os aglutina e serve como porta-voz desse povo, fazendo lá o que não podemos fazer cá. Agora, é o líder seguindo o povo. Por isso, Bolsonaro – em atitude inédita – desceu a rampa em direção aos manifestantes. Por isso, o twitter enlouqueceu com a hashtag BolsonaroDay, catapultando-a para o primeiro lugar do mundo. Por isso, o paulista fechou a Paulista na marra, atravessando um caminhão na avenida e fazendo vaquinha para pagar a multa do Dória, numa autêntica atitude de desobediência civil.

O que se viu, nesse domingo, foi o povo provando que a rua não tem dono e mostrando ao mundo o verdadeiro significado do termo “espaço público”. O que se viu, nesse domingo, foi o povo ignorando a campanha de intimidação e de medo da extrema imprensa e mostrando que prefere enfrentar a morte a se deixar chantagear pelos inimigos da Pátria.

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