O trânsito de São Paulo – que nunca foi bom – ganhou em tempos recentes vários agentes complicadores. Chegaram as massas de motociclistas (logo logo vai ter faixa exclusiva para carros, não para motos), chegaram os ciclistas e chegaram os patinetes.
Motociclista, em si, não é novidade mas a avalanche de motos sim. A exemplo dos motoristas de automóveis, há, dentre os motociclistas, os bons e os maus – esses são, para mim, assassinos mesmo, seja motociclista ou motorista. A lei brasileira incentiva o comportamento inadequado do motociclista com a insana permissão de trafegar por entre os carros. Nos EUA, só um dos cinquenta estados tem coisa parecida; as motos podem passar por entre os carros quando o trânsito está parado; com os carros em movimento, as motos devem andar atrás deles, em fila indiana. No Japão, lar de Honda, Yamaha, Suzuki e Kawasaki, nem isso é permitido; as motos têm de se comportar como automóveis.
Se muitos motociclistas e motoristas têm um comportamento antissocial, o caso se agrava no caso dos ciclistas. Noventa e nove por cento deles, para não dizer cem por cento, trafega nas calçadas, na contramão e não respeita sinal vermelho. Em avenidas com faixa exclusiva para bicicleta, é comum ver ciclistas trafegando por entre os carros.
Agora, estão chegando os patinetes e sabe Deus o que vem pela frente.
Comum a tudo isso é o mau comportamento de grande parte dos condutores. A eles, tenho uma má notícia: vem aí o controle por parte do Estado.
Não, não tenho bola de cristal. Mas conheço esse baralho.
O comportamento antissocial leva, invariavelmente, ao aumento de controle por parte do Estado. A sequência é bem simples: as lideranças do mal (não sei se você sabe, mas existe o mal no mundo; alguns o atribuem aos demônios, outros aos comunas, outros aos globalistas) incentivam o comportamento antissocial para gerar o caos; instalado o caos, o povo pede por socorro; e vai pedir socorro justamente ao bandido – ao Estado (Ah, o Estado, o mais frio dos monstros, o nosso inimigo). O truque dessa estratégia é que os agentes do mal – no caso, os condutores – se acham os maiorais ao barbarizar no trânsito; quanto mais se sentem livre “fazendo o que lhes dá na telha” mais estão tecendo a corda com que serão amarrados.
Se estiverem vivos para ver.
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