Os motoristas da cidade de São Paulo devem ter notado nos últimos tempos um novo fenômeno: o enorme crescimento dos carrinhos de catadores de sucata circulando pelas ruas e avenidas.
Quem não é paulistano talvez não conheça esse tipo de carrinho. Trata-se de pequenas carroças, com dois pneus de carro, com grande capacidade de carga. A sua carga alcança, às vezes, dois ou três metros de altura. O condutor de tal carrinho tem, muitas vezes, dificuldade em freá-lo na descida. Um carrinho desses ocupa uma faixa de rolamento.
Pois bem, graças à crescente pauperização do povo brasileiro – com suas dezenas de milhões de desempregados, subempregados, desalentados, desanimados e desacoroçoados – o número de carrinhos aumentou a ponto de atrapalhar o já congestionado trânsito paulistano.
– O que é isso, seu Hashi?! Os coitados, lutando pela vida, estão atrapalhando o trânsito!? Cadê a sua caridade!?
De fato, dá pena, muita pena de nossos sofridos irmãos desamparados. Mas: 1°) um erro não conserta outro – atrapalhar o trânsito não vai resolver o problema da mendicância (que tal irmos à raiz do problema: o aumento do peso do Estado sobre a vida do povo patrocinado pelo movimento comunista, mais precisamente, pelo Foro de São Paulo) e 2°) os catadores estão servindo à revolução capitaneada pelo lumpemproletariado – no caso, estão em luta contra um dos maiores símbolos da liberdade humana: o automóvel.
Ah, o automóvel, essa coisa individualista que permite o indivíduo se locomover livremente, como pessoa humana única e não como gado no transporte público. Ah, como os comunas odeiam o automóvel!
Abaixo o automóvel! Viva o transporte de massa, viva a bicicleta, viva o andar a pé e tudo mais que criminalize o automóvel!
Viva o carro autônomo – que de autônomo não tem nada – que já vem vindo acabar com a liberdade do motorista!
Enquanto isso, enchamos as ruas de São Paulo com carrinhos de sucata.
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