Alemanha Oriental, 1984. A polícia política sabe tudo da vida dos outros. Clone da KGB russa, a Stasi toca o terror no povo com eficiência germânica.
O capitão Wiesler é um dos seus mais dedicados oficiais. Um belo dia, o chefe dele, o tenente-coronel Grubitz, convida o capitão para o teatro. O chefe de ambos, o ministro Hempf, vai estar lá, e Grubitz precisa mostrar a cara.
O autor da peça, Dreyman, é um tipo leal ao regime – é o único autor da Alemanha Oriental não-subversivo que é lido no Ocidente. Dreyman acredita que o seu país é o melhor lugar do mundo.
Wiesler, entretanto, vê em Dreyman o tipo arrogante perigoso ao regime. “Eu o manteria sob vigilância.”
Hempf, por sua vez, debocha de Dreyman – um ingênuo que ama a espécie humana e acredita que as pessoas podem mudar.
Christa, a estrela da peça e companheira de Dreyman, completa o elenco.
Acontece que o poderoso Hempf está obcecado por Christa. Eis a trama: o Davi comunista quer a todo custo possuir sua Betsabá alemã e para isso joga a Stasi nas costas de Dreyman. Amor, arte, terror, suicídio… tudo isso se entrelaça nesse filme que retrata o perene drama do homem que tem que escolher entre o bem e o mal.
Christa vai ter que escolher. Dreyman vai ter que escolher. A escolha de Wiesler ocorre no mais inesperado lugar. A solidão do seu elevador, que o conduz ao seu deserto apartamento, é invadida por um menininho com sua bola de futebol. A malícia comunista encara a inocência da infância. Ali, longe dos olhos e dos ouvidos do Estado, o oficial vai ter que escolher.
Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2006, A Vida dos Outros se torna ainda mais dramático quando se sabe que o ator Ulrich Mühe – o capitão Wiesler – faleceu em 2007 aos 54 anos de idade.
O sentido oculto na genial frase final é o resumo do filme e o resumo da história da humanidade, uma história de escolhas que começou com Eva e que continua na vida de cada um de nós, com pesadelos que não ousamos contar a ninguém e com alegrias que não partilhamos porque sabemos que o valor delas está justamente no seu segredo.
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