“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
Grande Sertão: Veredas
Carlos Ghosn nasceu em Porto Velho, Rondônia, em 9 de março de 1954 (fez 65 anos ontem). Aos 2 anos de idade se mudou para o Rio de Janeiro e aos 6 foi para o Líbano onde viveu até ir para a França cursar engenharia. Graduou-se em 1978 e foi contratado pela Michelin, onde trabalhou por 18 anos. Em 1996, foi para a Renault onde se tornou o primeiro CEO da recém-privatizada montadora francesa (empresa, até hoje, controlada pelo governo francês). Em 2001, foi nomeado CEO da Renault-Nissan, aliança formada em 1999. A Renault, naquele ano, adquiriu quase 40% das ações da gigante japonesa.
Ghosn tirou a Nissan do buraco e, ano após ano, demonstrou a solidez do seu trabalho. Em 2016, a Nissan comprou 34% das ações da Mitsubishi Motors. Juntas, Renault, Nissan e Mitsubishi foram o grupo que mais vendeu carros no mundo em 2017 e 2018.
Mas, em 19 de novembro do ano passado, o mundo ficou chocado com a prisão do brasileiro sob a acusação de violar leis financeiras de 2010 a 2015. A essa primeira acusação, seguiram-se outras em janeiro de 2019: violação de leis financeiras (agora de 2015 a 2018) e quebra de confiança. Ghosn, desde o primeiro momento, alega inocência.
Tudo muito estranho nessas acusações.
1) Aquele que era considerado o Pelé do Management se deixaria pegar em erros tão crassos? Difícil de acreditar.
2) Teriam as duas montadoras japonesas se rebelado contra o fato de estarem sendo controladas por um gaijin (estrangeiro) com poder crescente?
3) Seria o caso um levante do povo japonês – ferrenhamente nacionalista – contra uma empresa pertencente a um governo ocidental?
4) Seria o episódio um movimento do Japão contra o globalistas, muitos deles oriundos da França e dos EUA (principal mercado consumidor de automóveis)?
5) Qual a participação da Yakuza – a máfia japonesa presente nos acontecimentos mais diuturnos do dia a dia do povo japonês?
Nas imagens divulgadas após a saída de Ghosn da prisão, o brasileiro apareceu tranquilo e confiante, como quem diz Agora é a minha vez!
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