A praga do politicamente correto atingiu em cheio a Copa do Mundo.
A novidade agora é o Árbitro de Vídeo. Com a desculpa de obter resultados justos – impossível deixar de lembrar dos justiceiros sociais – a FIFA introduziu essa esquisitice que tira toda a graça do momento.
– Peralá. Deixa eu ver se vocẽs podem comemorar… Ah… Agora sim! Podem gritar gol!
Que palhaçada é essa?
Árbitro de Vídeo é igual preservativo: a empolgação do momento é interrompida por medida de segurança… e falha!
Prevejo as próximas novidades: chip na bola, chip nas chuteiras, chip nos jogadores, robôs em vez de jogadores… Sony versus Microsoft, Google versus Apple…
Pior ainda, hoje é o dia de combate a discriminação e incentivo à diversidade, ou alguma porcaria parecida, data também inventada pela FIFA. Mais politicamente correto impossível.
Foi-se o tempo em que os jogadores eram feras. João Saldanha, em 1970, disse que queria 11 feras. Hoje, os jogadores são menininhos bem comportados da Nova Ordem Mundial, para copiar uma frase do filósofo Olavo de Carvalho.
O jogo de hoje contra a Bélgica foi um típico exemplo disso. O Brasil jogou bem, criou oportunidades mas faltou uma fera para ir lá e resolver. O politicamente correto não cria feras; cria frangas. Em vez de lideranças – como Carlos Alberto Torres, Gérson ou Didi – cria seres anódinos.
Quer ver um exemplo de liderança?
Suécia, 1958, Brasil versus País de Gales. O Brasil precisava ganhar. O adversário armou a maior retranca das Copas com “dez jogadores atrás e um recuado” (Vavá). Didi, que raramente cabeceava, cabeceou a bola para Pelé e, enquanto corria para receber a bola de volta, cutucou: Ou faz ou devolve!
E Pelé fez um dos gols mais importantes da carreira, segundo o próprio Rei.
A bola entrou chorando, e só entrou porque foi chutada por Pelé, também nas palavras de Vavá. Qualquer outro que chutasse, a bola não entraria. Resultado: 1 a 0 (aos 28′ do segundo tempo!).
Na final daquela Copa, quando o Brasil tomou o primeiro gol da Suécia, Didi pegou a bola no fundo da rede e caminhou decidido para o meio de campo dizendo aos desanimados companheiros: Vamos virar o jogo.
Cadê o Didi de hoje? Cadê o Gérson?
Jogadores assim, de personalidade, não teriam lugar num time politicamente correto, um time que nem capitão tem.
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