No dia 13 de agosto de 1917 – exatos cem anos atrás! – as três criancinhas não puderam comparecer ao encontro agendado com Maria porque estavam presas. Haviam sido encarceradas pelas autoridades, anti-religiosas, que queriam acabar com o escarcéu provocado pelas visitas de Maria.
A seguir, trecho do livro Era uma Senhora mais brilhante que o sol, do Padre J. de Marchi, em que Maria da Capelinha relata o que se passou no local das aparições.
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Se no mês de Julho havia muita gente, desta vez, era ainda muito, mas muito mais.
Parte vinha a pé e atava os seus farneizinhos aos ramos das árvores, outros vinham a cavalo, montados nos jumentos; vinham também muitas bicicletas e na estrada era um contínuo buzinar de carros.
Deviam ser onze horas quando aqui chegou também a Maria dos Anjos, irmã da Lúcia, com uns castiçais e velas para acender quando Nossa Senhora aparecesse.
Em volta da azinheira rezava-se, cantavam-se cânticos da Igreja, mas os pequenos tardavam e toda a gente começava a estar impaciente. Chegou, no entanto, alguém da Fátima a dizer que o Administrador tinha roubado as crianças. Levantou-se, então, um borborinho e não sei o que aquilo daria se não se ouvisse de repente um trovão.
O trovão era mais ou menos como da outra vez; alguns diziam que vinha da estrada, outros da carrasqueira, a mim parecia-me que vinha de vinha de muito longe… toda a gente se quedou assustada: e alguns pegaram a gritar que iam morrer. O povo então começou a espalhar-se afastando-se da azinheira. Mas o caso é que ninguém morreu.
Ao trovão seguiu-se o relâmpago e, logo depois, todos começamos a notar uma nuvenzinha, muito linda, muito branquinha, muito leve, que pairou uns minutos sobre a carrasqueira, subindo depois para o Céu e desapareceu no ar.
Olhando então em redor, observamos aquela coisa estranha que já doutra vez tínhamos visto e que também havíamos de ver nos meses seguintes.
O rosto da gente brilhava com todas as cores do arco-íris: rosa, vermelho,k azul…
As árvores pareciam não ter ramos e folhas, mas só flores; pareciam todas carregadinhas de flores, cada folha parecia uma flor.
O chão era todo aos quadradinhos, um de cada cor diferente; os fatos também eram da cor do arco celeste. As duas lâmpadas presas, ao arco, pareciam de oiro.
Certamente Nossa Senhora tinha vindo, mas não tinha encontrado os pequenos. Que pena ter vindo e não os encontrar!
Logo que os sinais desapareceram, toda aquela gente se pôs a caminho da Fátima, gritando contra o Administrador, contra o Sr. prior, contra o regedor, contra todos os que se pensava que tinham parte na prisão dos pequenos.
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