Em São Bernardo do Campo, na sexta-feira passada, um rapaz foi flagrado por um tatuador tentando roubar uma bicicleta. O tatuador, com a ajuda de um amigo, tatuou uma frase bem na testa do ladrão. Os dois foram presos e o rapaz está tentando se livrar da macabra inscrição.
O assunto está fervendo, com opiniões inflamadas contra e a favor da ação do tatuador.
Uma tatuagem é para sempre. Mesmo com um tratamento caro, o negócio não pode ser desfeito 100%. Em outras palavras, trata-se de uma mutilação imposta a terceiro. Se uma mutilação auto-imposta já é condenável, imagine então impô-la a outra pessoa.
Do ponto de vista jurídico, ou penal, o fato caracteriza a justiça feita com as próprias mãos. É o famoso “quem pode mais chora menos”, o reino da barbarie, anterior até mesmo à lei de talião.
Do ponto de vista, digamos, sociológico, o episódio nada mais é do que a consequência lógica e natural da falência total da instutições brasileiras. O povo está de saco cheio dos legisladores e dos colegas deles.
Mas, o que mais importa sob o ponto de vista do tatuador, do seu ajudante e dos comentadores, é o ponto de vista político. A atitude do tatuador e seu amigo foi uma atitude política, de quem está se posicionando politicamente frente a um estado de coisas que chegou ao limite do suportável. Mas, sob esse ponto de vista, o episódio só serviu para fortalecer os inimigos do tatuador.
Aos comunistas, que hoje detêm a hegemonia política e cultural, bem como ao chefe deles – o capeta -, só interessa a balbúrdia e a revolta. Uma vez instalado o caos, a sociedade vai pedir providências justamente ao Estado. É exatamente isso que os comunas desejam.
Bem diferente da ação voluntariosa, a atitude que hoje se nos exige é de calma e paciência. É hora de oração e penitência; é hora de estudar antes de agir para não fazer o jogo do inimigo – agir dentro das nossas possibilidades.
Vale a pena lembrar o ensinamento do meu amigo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini. Na última conversa que tive com ele, pouco tempo antes da sua morte, o saudoso bispo me disse:
– Estou com a consciência tranquila.
Sim, a consciência tranquila de quem havia lutado bravamente contra o movimento pró-morte. E acrescentou:
– O importante é fazer o que está ao nosso alcance.
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