Hoje, por volta das 14h30, cheguei na manifestação da avenida Paulista. Fui pela rua Augusta e logo procurei o grupo pró-vida que convocara o povo para se concentrar no fim da avenida, na esquina com a Consolação. Como não vi ninguém, fui andando em direção ao MASP. O primeiro carro de som que encontrei era de um grupo intervencionista. Ao todo, entre o MASP e a Gazeta, contei seis carros de som, dentre os quais o do MBL, o do Vem Pra Rua e o do Na Rua. Vi também um grupo de fiscais da Receita Federal que se manifestava no meio da avenida, sem carro. Perto da FIESP, um pequeno grupo, na calçada, discursava contra o aborto.

Segundo o MBL, 200 mil pessoas participaram do evento. A PM, inacreditavelmente, disse que foram 15 mil. Tão brincando? Até os ambulantes – que se fartaram de vender água e cerveja, espetinho e pipoca, milho e pamonha, bandeiras e lulecos – ririam dessa estatística. Antes de saber desses números, com a experiência de quem acompanha esse tipo de manifestação desde 2014, eu estimei a multidão em algumas centenas de milhares de pessoas. O contingente da PM era, evidentemente, bem menor do que o das recentes manifestações que reuniram milhões de pessoas. Contei um helicóptero da PM e dois de emissoras de tv. Não acompanhei a cobertura da mídia de massa, mas me disseram que foi pífia, como era de se esperar. A exemplo dos políticos, também os jornalistas estão morrendo de medo porque ninguém mais acredita na lorota deles.

Por volta das 15h20, eu estava perto da avenida Brigadeiro Luiz Antônio quando um grande barulho chamou a minha atenção. Era uma carreata (?) com centenas de motos de aficionados das marcas Harley-Davidson, BMW, Suzuki, Kawazaki, Honda, Yamaha e outras inidentificáveis para mim. Traziam bandeiras, barulho e beleza numa tarde de calor e brisa.

Tudo concorria para manter a paz e a ordem. O comércio funcionava normalmente. A multidão, num misto de indignação e consciência de estar fazendo alguma coisa pelo país, se manifestava a favor de Sérgio Moro e da Lava Jato, e contra a corrupção, contra o STF, contra os políticos de uma forma geral e contra o aborto. Vi muita gente pedindo a intervenção militar. O povo, realmente, já está de saco cheio e não acredita mais nos políticos. Também pudera, onde a polícia põe a mão, salta um monte de bandido!

Após a partida das motocicletas, finalmente me deparei com o grupo pró-vida caminhando com faixas e bexigas brancas e gritando palavras de ordem. Peguei uma bexiga e caminhei alguns quarteirões com o grupo.

Além dos manifestantes – como de costume, gente de todas as idades, muitas famílias inteiras – os paulistanos que costumam passear na avenida aos domingos engrossaram a multidão. Se entre eles havia algum esquerdista, ficou bem quietinho.

Esquerdista pode ser louco, mas burro não é.

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