Ontem recebi um e-mail que me deixou meio melancólico.
Eis a história: tempos atrás, li uma reportagem sobre um professor indiano radicado no Brasil dono de um currículo extraordinário. Escrevi para ele, perguntando em que instituição ele estava lecionando. Ontem recebi a resposta: Não estou lecionando. Parece que ninguém tem interesse.
Realmente, caro professor, o senhor tem razão, parece que no Brasil ninguém tem interesse pelo conhecimento e pela verdade. Bem ao contrário, o brasileiro é movido pelo interesse comercial, pelo dinheiro, pela vaidade, pela aparência, pela boa vida e por tantas outras artificialidades cujo resultado é um só: uma sociedade de mentira com todas as suas consequências – roubos, drogas e assassinatos.
Ninguém tem interesse…
Essa frase ficou girando na minha cabeça como um resumo da época de barbaridades em que estamos vivendo. Ninguém tem interesse pelo verdadeiro conhecimento que esse professor pode transmitir, mas os estudantes têm, sim, interesse, e muito, por um pedaço de papel pintado que receberão no fim do curso, uma coisa chamada diploma que vai lhes autorização para ganharem dinheiro, uma coisa que é um mantra no qual empregados e empregadores fingem acreditar. No fim do curso, os estudantes costumam pendurar na parede o diploma, como um enfeite, enquanto tentam desesperadamente fazer algum dinheiro com os velhos e inúteis livros dos quais tentam se livrar porque fazem lembrar uma época de sofrimento, sofrimento que tentaram evitar a qualquer custo. Na Poli, não foi descoberto recentemente um grupo de cola pelo WhatsApp? Chamava-se (ou se chama ainda?) Honestidade. Isso na Poli…
Muito melhor seria para esses estudantes fazerem exatamente o contrário: colocarem os livros na (estante da) parede e tentarem vender o diploma. Quem daria um centavo por uma porcaria de um papel pintado?
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