A Igreja, na opinião dos desavisados, é uma desmancha-prazeres. Estamos todos de boa, curtindo os nossos celulares, ganhando o nosso dinheirinho, curtindo adoidado e desfrutando de todas as maravilhas desse mundão que Deus nos deu quando vem a Igreja nos falar da morte e de Finados. Assim não dá!
Acontece que ninguém é eterno, e o dia de Finados é apenas uma data para nos lembrar que de uma hora para outra deixaremos todas essas coisas boas por outras muito melhores.
De fato, todos os dons com que Deus nos agraciou só têm sentido se nos levarem ao Pai. Caso contrário, é tiro no pé.
Talvez você não concorde comigo, talvez esteja passando por uma fase ruim, o que não é nada improvável nos dias de hoje no Brasil. Se for este o seu caso, não desanime; antes, agradeça a Deus por Ele fazer você ver a precariedade desta vida e procure forças na oração, em Deus, na família e nos amigos. Se não conseguir fazer nada disso, reze pedindo forças para fazê-lo porque é Deus quem inspira em nós o querer e o fazer (Fp 2, 13).
Para nós, que vivemos da fé, a vida não acaba; a morte é apenas uma passagem, desta para melhor, diz a irônica e icônica sabedoria popular. São Josemaría Escrivá dizia que morrer é como se alguém batesse no seu ombro e, quando você se voltasse para ver quem era, dava de cara com Jesus.
Mas a melhor comparação de todas foi feita por Manuel Bandeira no poema em que o homem dialoga com a morte. A indesejada das gentes surge como
Uma mulher ou anjo?
Figura toda banhada de suave luz interior
A luz de quem nessa vida tudo viu, tudo perdoou
A morte será o resumo que tiver sido a nossa vida – nada mais, nada menos.
O dia de Finados traz também a lembrança dos que se foram, pessoas a quem tanto devemos e com as quais tornaremos a nos encontrar um dia, pela misericórdia de Deus.
Não é um dia de tristeza. É um dia de esperança!
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